Se bem é verdade, que muitas outras experiências cinematográficas foram realizadas antes mesmo das históricas sessões promovidas pelos irmãos Lumiére, no Grand Café, em Paris, foi o êxito alcançado pelos franceses que determinou a difusão do cinema por todo o mundo.
Precedendo qualquer pretensão artística, o cinema tinha como grande atrativo de público a descoberta científica em si, ou seja, a possibilidade de ver a exibição de imagens em movimento. Este também era o principal motivo pelo qual os jornais da época anunciavam o evento dando tanto destaque ao nome do aparelho utilizado na projeção.
No Brasil, não seria diferente. Em 8 de julho de 1896, a imprensa carioca publicaria informações sobre um aparelho de nome exótico, que chegara ao Rio de Janeiro e iniciaria suas atividades na rua do Ouvidor. O Ominiógrapho ficaria em temporada somente no mês de julho, sendo exibido intercaladamente com o phonógrapho, equipamento cujo atributo era o de reproduzir mecanicamente o som. Contudo, o noticiário não deixa pistas sobre o responsável pelo evento, o proprietário e origem do Ominiógrapho, e os filmes exibidos em nossas pioneiras projeções.
Pouco depois de debutar no Rio de Janeiro, o cinema chegaria à cidade de São Paulo através do fotógrafo francês Georges Renouleau. Em 7 de agosto, e com o nome de Photographia Animada, o evento seria divulgado para a platéia paulistana. Em novembro desse mesmo ano, já se poderia encontrar o fotógrafo francês em Porto Alegre, sendo ao lado de Francisco de Paola e M. J. Davis, um dos pioneiros do cinema gaúcho.
A partir de 1897, multiplicam-se os equipamentos de projeção em atividades no eixo Rio – São Paulo. Contrariando o caráter itinerante da exibição cinematográfica do período, o italiano Paschoal Segreto, em parceria com José Roberto da Cunha Salles, fixa no “Salão de Novidades”, o primeiro espaço regular de cinema.
É também no ano de 1897, que José Roberto da Cunha Salles registra o primeiro filme brasileiro na Seção de Privilégios Industriais do Ministério da Agricultura. Pouco depois, em fevereiro do ano seguinte, seria a vez de Afonso Segreto, irmão caçula de Paschoal, realizar “Fortaleza e Navios de Guerra na Baía do Rio de Janeiro”, a bordo de um navio quando em regresso da Europa. Seu lançamento ocorreria, é claro, no “Salão de Novidades”.
Se a produção de filmes alcança maior plenitude somente no início do século XX, onde teríamos o que o historiador Vicente de Paula Araújo denominou de “A bela época do cinema brasileiro”, sua exibição era nos primeiros anos um indicativo de possibilidades para um bom negócio. Na busca de novos públicos e maiores lucros, seus empresários expandem as atividades para diversas cidades de grande e de médio porte espalhadas pelo País.
Muitos foram os que se lançaram nessa aventura, mas seria injusto não destacar as contribuições feitas por outros imigrantes como os espanhóis Enrique Moya e Francisco Serrador, o italiano Vittorio di Maio, e o português Germano Alves, responsáveis pelo pioneirismo cinematográfico em diversas cidades brasileiras.
Porém, ainda que com todo esse empreendedorismo, o desenvolvimento de um mercado ainda se encontrava refém da grave crise econômica e do pífio acervo de filmes em circulação no País. A experiência do “Salão de Novidades” não seria reproduzida por outros exibidores e as salas de cinema somente se tornariam realidade anos mais tarde.
Muitas são as histórias dos primórdios do cinema brasileiro. A literatura do assunto é extensa e conta com memoráveis obras de Paulo Emílio Salles de Oliveira, Vicente de Paula Araújo, Fernão Ramos, Inimá Simões, Jurandir Noronha, José Inácio de Melo e Souza, Máximo Barro, e de muitos outros pesquisadores que com seus estudos ajudaram a reconstituir os primeiros anos de nossa trajetória cinematográfica.
Em Santos o assunto também foi objeto de estudo de diversos historiadores e pesquisadores. Destacam-se os trabalhos de Hernani Corrêa de Moraes em seu livro “Coletânea do Cinema Mundo – Ano 1920”, as investigações históricas de Olao Rodrigues, Pedro Bandeira, José da Costa Ramos, as apaixonantes crônicas do poeta Narciso Andrade e da jornalista Lydia Federici, além do relevante trabalho apresentado pelo historiador paulistano Máximo Barro, que ao reconstruir a história do cinema em nosso Estado, aborda também o período inicial cinema santista.
Desvendar as aventuras e desventuras do cinema em Santos, contextualizando-o com o desenvolvimento da própria cidade e do mercado de exibição no País, foi o aspecto motivador do presente trabalho. Contudo, não poderia deixar de referendar que seu principal objetivo é o de estimular novas pesquisas, na certeza de que muito ainda se tem por investigar e descobrir sobre o assunto. Por fim, espero também provocar a memória de nossos antigos cinéfilos, que se embarcarem nessa leitura encontrarão um pouco da história de nossa Cidade e de suas próprias vidas. Aos que se animarem para tal tarefa, boa leitura!
Postado em 29 de janeiro de 2009
Precedendo qualquer pretensão artística, o cinema tinha como grande atrativo de público a descoberta científica em si, ou seja, a possibilidade de ver a exibição de imagens em movimento. Este também era o principal motivo pelo qual os jornais da época anunciavam o evento dando tanto destaque ao nome do aparelho utilizado na projeção.
No Brasil, não seria diferente. Em 8 de julho de 1896, a imprensa carioca publicaria informações sobre um aparelho de nome exótico, que chegara ao Rio de Janeiro e iniciaria suas atividades na rua do Ouvidor. O Ominiógrapho ficaria em temporada somente no mês de julho, sendo exibido intercaladamente com o phonógrapho, equipamento cujo atributo era o de reproduzir mecanicamente o som. Contudo, o noticiário não deixa pistas sobre o responsável pelo evento, o proprietário e origem do Ominiógrapho, e os filmes exibidos em nossas pioneiras projeções.
Pouco depois de debutar no Rio de Janeiro, o cinema chegaria à cidade de São Paulo através do fotógrafo francês Georges Renouleau. Em 7 de agosto, e com o nome de Photographia Animada, o evento seria divulgado para a platéia paulistana. Em novembro desse mesmo ano, já se poderia encontrar o fotógrafo francês em Porto Alegre, sendo ao lado de Francisco de Paola e M. J. Davis, um dos pioneiros do cinema gaúcho.
A partir de 1897, multiplicam-se os equipamentos de projeção em atividades no eixo Rio – São Paulo. Contrariando o caráter itinerante da exibição cinematográfica do período, o italiano Paschoal Segreto, em parceria com José Roberto da Cunha Salles, fixa no “Salão de Novidades”, o primeiro espaço regular de cinema.
É também no ano de 1897, que José Roberto da Cunha Salles registra o primeiro filme brasileiro na Seção de Privilégios Industriais do Ministério da Agricultura. Pouco depois, em fevereiro do ano seguinte, seria a vez de Afonso Segreto, irmão caçula de Paschoal, realizar “Fortaleza e Navios de Guerra na Baía do Rio de Janeiro”, a bordo de um navio quando em regresso da Europa. Seu lançamento ocorreria, é claro, no “Salão de Novidades”.
Se a produção de filmes alcança maior plenitude somente no início do século XX, onde teríamos o que o historiador Vicente de Paula Araújo denominou de “A bela época do cinema brasileiro”, sua exibição era nos primeiros anos um indicativo de possibilidades para um bom negócio. Na busca de novos públicos e maiores lucros, seus empresários expandem as atividades para diversas cidades de grande e de médio porte espalhadas pelo País.
Muitos foram os que se lançaram nessa aventura, mas seria injusto não destacar as contribuições feitas por outros imigrantes como os espanhóis Enrique Moya e Francisco Serrador, o italiano Vittorio di Maio, e o português Germano Alves, responsáveis pelo pioneirismo cinematográfico em diversas cidades brasileiras.
Porém, ainda que com todo esse empreendedorismo, o desenvolvimento de um mercado ainda se encontrava refém da grave crise econômica e do pífio acervo de filmes em circulação no País. A experiência do “Salão de Novidades” não seria reproduzida por outros exibidores e as salas de cinema somente se tornariam realidade anos mais tarde.
Muitas são as histórias dos primórdios do cinema brasileiro. A literatura do assunto é extensa e conta com memoráveis obras de Paulo Emílio Salles de Oliveira, Vicente de Paula Araújo, Fernão Ramos, Inimá Simões, Jurandir Noronha, José Inácio de Melo e Souza, Máximo Barro, e de muitos outros pesquisadores que com seus estudos ajudaram a reconstituir os primeiros anos de nossa trajetória cinematográfica.
Em Santos o assunto também foi objeto de estudo de diversos historiadores e pesquisadores. Destacam-se os trabalhos de Hernani Corrêa de Moraes em seu livro “Coletânea do Cinema Mundo – Ano 1920”, as investigações históricas de Olao Rodrigues, Pedro Bandeira, José da Costa Ramos, as apaixonantes crônicas do poeta Narciso Andrade e da jornalista Lydia Federici, além do relevante trabalho apresentado pelo historiador paulistano Máximo Barro, que ao reconstruir a história do cinema em nosso Estado, aborda também o período inicial cinema santista.
Desvendar as aventuras e desventuras do cinema em Santos, contextualizando-o com o desenvolvimento da própria cidade e do mercado de exibição no País, foi o aspecto motivador do presente trabalho. Contudo, não poderia deixar de referendar que seu principal objetivo é o de estimular novas pesquisas, na certeza de que muito ainda se tem por investigar e descobrir sobre o assunto. Por fim, espero também provocar a memória de nossos antigos cinéfilos, que se embarcarem nessa leitura encontrarão um pouco da história de nossa Cidade e de suas próprias vidas. Aos que se animarem para tal tarefa, boa leitura!
Postado em 29 de janeiro de 2009
Paulo Renato Alves
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