terça-feira, 4 de agosto de 2009

FILMES

por Sílvio Fonseca

Cinemas inesquecíveis. Marapé, Ouro Verde, Campo Grande. Anos 60, quando eu era um menino.

Santos tinha umas 30 salas de cinema. Muitas nos bairros internos, outras tantas salas concentradas no Gonzaga e uma, duas no Boqueirão.

Mais tarde, os de bairro foram fechando e ficaram apenas aqueles da Praia. Hoje, há apenas um cinema de rua no Gonzaga, com diversas salas, e as salas múltiplas instaladas nos shopping centers.

Resistem, ainda, uma ou outra sala de espetáculos e filmes de caráter eróticos-pornográficos, na área do centro velho, mas essas não contam.

As matinês domingueiras eram mágicas. Minha paixão por elas era dividida apenas com as exibições do Santos F.C. e de Pelé na Vila Belmiro. Passava sempre duas”fitas”: um drama romântico ou comédia e, depois, um faroeste, precedidas por um capítulo de “seriado” (o precursor das novelas da “grobo"), que sempre terminava com o herói em situação de perigo de vida… a continuar na próxima semana. Isso fazia com que voltássemos no domingo seguinte, ávidos por saber o que acontecería.

Desses tempos, alguns filmes estão em minha lembrança até hoje, como “Tonka e o bravo comanche”, de Walt Disney, e “Marcelino ,pão e vinho”, com Pablito Calvo. Da adolescencia e da juventude outras películas marcam a memoria, como “Ao mestre com carinho”, com Sidney Poitier e “Romeu e Julieta”, de Fanco Zefirelli, da obra de Shakespeare.

Naqueles tempos, tão diferentes de hoje, os meninos queriam ter 18 anos para assistir aos filmes de adultos. Lembro de ter ido ver “Adulterio a la italiana“, pensando em cenas ‘quentes”. Foi uma decepção: achei a película seria e aborrecida.

Então chegou a época hollywoodiana, com seus heróis e filmes comerciais: “Tubarão”, “Super-Homem“, “Grease”, “O Exorcista”, “Indiana Jones” etc. Não era bem o cinema que eu gostava.

Adulto, conheci o cinema europeu e seus filmes magníficos, como “Ladrões de Bicicletas”, de Vittorio de Sicca, “Teorema”, de Pasolini, “La Belle de Jour”, de Luís Buñuel, com Catherine Deneuve, as comédias do grupo inglês Monty Python e do italiano Lando Buzzanca e muitas outras.

Desde há uns 15 anos, fui conquistado pelo cinema español, em especial o de Pedro Almodóvar. Creio ter assistido a quase todos os seus filmes: “Tacones”, “Volver”, “Hable con ella”, “Tudo sobre minha mãe”, “Carne trémula”, “Kika’, “Átame”, “Mulheres à beira de um ataque de nervos”. De todos, o que mais gostei foi “A flor de meu segredo”: simples, bem a seu estilo.
É a história de uma escritora de novelas, Leo (que as assina como Amanda Gris), que enfrenta dificuldades no casamento com Paco, oficial do exército servindo junto às tropas da ONU na guerra da Bósnia. Depois de tentar, de todos os modos, manter seu casamento, conhece Angel, editor de um jornal madrilenho e…

Bem, não vou contar a história. Quem não assistiu, que assista. O filme é estrelado por Marisa Paredes (Leo), magnífica como sempre, e pela impagável Rossi de Palma (Rosa, irmã de Leo).
Concluo: sempre gostei de cinema, mas apenas como diversão. Sem nenhuma pretensão intelectual.

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